Projeto desenvolvido pelo grupo Buraco d`Oráculo nas Cohab`s da Zola Leste de São Paulo. Consiste na criação de um circuito de teatro de rua e a criação de três núcleos de teatro de rua que integrará o circuito. Haverá ainda encontros bimestrais com fazedores e pensadores do teatro, denominados Café Teatral e uma publicação intitulada A Gargalhada. Este projeto tem o patrocínio da Lei 13.279/02 - Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

Wednesday, December 06, 2006

Falidos faz crítica e satiriza os programas de TV

O grupo "Nascidos do Buraco" mira para a telinha e reflete os efeitos da mídia eletrônica sobre os telespectadores. Em sua nova montagem, o grupo brinca com os clichês produzidos em série pela televisão.

Vivemos hoje numa sociedade televisiva. Fazemos parte de uma geração criada pela televisão. A correria do dia-a-dia, mães sem tempo de ficar com seus filhos, a tecnologia engolindo nossas tradições culturais, o sistema educacional totalmente defasado. Enfim, muitos são os fatores que contribuem para que nossas crianças e adultos se tornem vítimas desse veículo que destrói, banaliza e manipula nosso senso crítico, a ponto de não termos mais discernimento para escolher o que é bom e o que é ruim.

Consumimos e absorvemos todo lixo produzido por esse veículo. É preciso estar alerta e não deixar que a televisão destrua nossa capacidade de questionar e escolher o que queremos ver.

É esse espírito questionador que impulsionou o grupo "Nascidos do Buraco" a criar seu espetáculo "Falidos - Uma história de seu cotidiano". Jovens que não caíram nesse jogo corrosivo da televisão e que querem fazer a diferença. O grupo monta uma peça que possibilita ao seu público a oportunidade de observar mais profundamente seu cotidiano. O grupo faz com que a platéia reflita sobre o tipo de informação que recebe e absorve dos veículos de comunicação. Essa é a proposta de "Falidos", um texto que mistura realidade e fantasia, faz uma crítica divertida e satiriza alguns programas e personagens da TV.

O espetáculo apresenta dois mundos diferentes, onde realidade e fantasia disputam seu espaço:

Um desses é o da TV. Um mundo repleto de fantasia, de meias verdades. Um ambiente sedutor e envolvente. Um mundo recheado de cor, brilho, uma alegria maquiada, com personagens cativantes e exageradamente simpáticos. A estrela desse show tem duas faces: uma delas é tenebrosa e sombria "O Senhor do mal", a outra metade desse personagem é simpático, divertido e hipnotizante "Chico Santos". Vários programas são apresentados pelo "Chico Santos", como "Fala que te arrebento", "Show da Xupa" e "Se vira Porra".

O outro mundo retrata a realidade, de como nossas vidas se modificaram à medida que a televisão toma um espaço irreversível. Nesse universo as cores não vibram, mas se derretem em tons cinzentos. Os astros dessa vez são pessoas comuns, robotizadas e hipnotizadas pela televisão, como se suas vidas tivessem sido sugadas pela TV.

A grande brincadeira dessa história está no personagem "O Senhor do Mal", que manipula todos que estão em cena e fora dela, com um objeto que simboliza toda essa catarse: O CONTROLE REMOTO. Através de um simples gesto: APERTAR O PLAY, tudo pode ir por água abaixo.

A principal mensagem da peça não é promover uma campanha para queimarmos os televisores, mas que vejamos televisão sem sermos teledependentes. E, sobretudo, cobremos qualidade. A programação piora quando o exercício da cidadania encolhe.

Mônica Martins – Atriz do Buraco D¹Oráculo

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