Um primeiro contato


Não creio que nosso destino esteja traçado, mas acredito que ele é um esboço, cuja arte final cabe a nós, e é assim que me sinto em relação ao Buraco d’Oráculo; posso não ter visto o que eles foram, mas tenho idéia do que são, e acredito no que serão, em um daqueles futuros bem próximos.
Entrementes, não posso ser de ao todo capaz de descrever somente com palavras a experiência de fazer parte de uma oficina, e encontrar algo tal raro quanto pérolas negras: harmonia. É preciso mais do que descrever ou falar, é preciso sentir. E o teatro mexe com todos os sentidos, não só os que já conhecemos, isso inclui o envolvimento de corpo, mente, alma e coração.
Ao contrário dos veículos que utilizam imagens, o teatro, que é vinculado de forma mais humana, não é tão sugestionável, e tem a beleza da liberdade de se expressar tal qual merece a realidade das emoções. Nele, aprendemos a nos vestir de caracteres inusitados, e como pássaros, nos lançarmos em um mundo novo, onde nos testamos e sabemos reagir às provações, simultaneamente ensinando e aprendendo, mesmo com o tempo devorando as horas mais rápido; conforme melhor ficava.
Todo ator, ao se apresentar na rua ou até mesmo nos palcos, deve se sentir fulgurante; iluminado. Pois desde os primórdios foi colocada em suas mãos a sabedoria mais usada: a dos homens. Aprendemos com nós mesmos, e ao assistir, expressamos alegria, raiva ou tristeza sobre um espelho que é o espetáculo, que abrem as suas cortinas, assim como as do espírito.
Enfim, minhas palavras foram apenas como raios fulgidos, tentando encontrar em outrem, a fórmula correta para o caminho que a vida leva, e assim como as grandes empreitadas, — devo crer mais uma vez — o Buraco d’Oráculo, sendo como um espelho de emoções, também se inspira no reflexo do alquimista, que pesquisa, descobre e principalmente, cria.
Sem mais por agora,

Adriana Torquato Chaves
Aluna do Projeto Circular Cohab`s em 2005.